19 de outubro de 2008

Amadores F.C



Sou brasileiro, não sei nada sobre futebol. É com esse paradoxo que começo minha prosa. Há pouco tempo, tiro de meta pra mim, punha em risco a vida das pessoas sentadas nos estádios. Pênalti era um tombo muito forte de um jogador. Bandeirinha era de fato, a bandeirinha da lateral, aliás, fui saber há pouco tempo, bem pouco que lateral era uma posição no jogo. Volante era uma peça do carro e que a “barca passando” botava em risco os jogadores e o técnico além das gaivotas da Bahia de Guanabara, isso eu soube ano passado.

Que o futebol é cultura popular, é movimento de massa, isso todo mundo sabe. Que o Flamengo tem a maior torcida do mundo isso já é senso-comum. No mundo da redondinha do meio do campo, um apito, sinaliza começo do jogo e não “sinal fechou”, galo, urubu, pato e elefante são muito mais que animais, são mascotes de time, na verdade elefante eu não sei se é mascote não, mas poderia ser. FutSAL, não é futebol de praia, futebol na verdade se escreve footbal que na verdade é soccer. Mas soccer não era meia em inglês? Não Socker é meia. Meia, também é uma posição dentro de campo, aprendi com Camila Lopes. Lanterna é muito mais que um objeto em dias de apagão, lanterna é sinal de perigo e de inconstância, de final da classificação, de últimos lugares. Ainda que lugar em futebol seja algo abstrato.

Abstrato? Bom, aquelas relações que são feitas, entre jogar fora de casa e dentro de casa, Denilsonzinho já está com cartão vermelho nesse jogo e outras historias do tipo são algo surreal, muito mais que lógico, é matemático. E não é que conseguem transformar essas proposições em equações matemáticas e se encontrar um número? Ex: Clube de Regadas de Rocha Miranda tem 47% de chances de vencer o campeonato.

E aquela história de goleiro cobrar falta. Gol + leiro = Gol - radical + leiro – sufixo de profissão. Jornaleiro, aquele que vende jornal. Goleiro, aquele que impede o gol. E o que dois goleiros fazem na mesma área? Um deles teria virado a casaca no meio do jogo?

Eu não sei narrar um jogo. Só sei quando é gol. Mesmo assim quando não tem um estraga prazer que corre antes do outro jogador e deixa o passe em impedimento, isso eu não sei até hoje. A parada é gritar gol em segundo lugar, e se escapolir antes e for impedimento, discordar do lance pode ser uma boa saída! “Impedimento porra nenhuma, esse juiz fdp é ladrão”.

Eu vou pro Maraca, afinal o que move essa gente toda nos domingos? É pra ver os quero-queros no campo? Que lúdico! É pra ouvir palavrão? “Caralho!”, “porra!”, “filho da puta!”... acho que não. É pra ficar ouvindo as musiquinhas que o pessoal canta? Com métricas quase camonianas, versos em soneto praticamente. Talvez. Eu sei que depois elas viram toque de celular.

Ir pro Maracanã e assistir uma partida de futebol é sentir o espírito brasileiro, sentir a energia da massa, o calor humano, é gritar “ULLLLLLLLLLLLL” e querer que os outros entendam, “quase foi lá”. Futebol é o encontro das cores, é o duelo que todo brasileiro pára pra assistir. É uma dança sem música, a trilha sonora vem da galera, sedenta por gol. Bem mais que 90 minutos, é o significado de dois tempos pros fãs. Futebol pra mim é talento + sorte. É mais sorte que talento. É oportunidade, é berro, é raça, é paixão. Futebol pra mim é uma palavra, um esporte, um jogo que fez sucesso no Brasil. Isso pra mim... Porque pra 95% da população brasileira futebol é a vida, é o sangue, é felicidade é um sonho de moleque.

Futebol é uma arte, saber jogar e assistir a um jogo completo um dom. Se Deus dá determinados dons a determinadas pessoas, eu sei que talvez por essa razão eu escreva e faça miojo tão bem.



Um comentário:

Carlos Varella disse...

Garrincha é melhor que Pelé.