29 de março de 2009


Campanha "paradebate.blogspot.com" em defesa e divulgação do Estatuto do Idoso, contra os maus tratos aos idosos e engajamento numa luta à favor de uma melhor qualidade de vida aos vovôs e vovós do Brasil.

26 de março de 2009

Traumatismo mental


Sabe aqueles dias que você acorda e o sol está de cabeça pra baixo? Que você anda e parece estar pisando em gelatina? Ou sei lá.. sabe aqueles dias em que tudo parece está invertido, tipo um mosaico chileno? Pois é, nem eu.
Na verdade a primeira coisa que te vem à cabeça é. Estou trabalhando demais, sentindo coisas estranhas, fadiga, estafa muscular.. O que seria isso? - se questiona ao parceiro(a). Daí você cumpre suas tarefas, vai pra lá, volta pra cá, sua agenda está lotada, é muita coisa pra fazer, não é? Duvido que você não tenha pensado umas três vezes só hoje que comeu demais, que está gordo demais, acima do peso... e aquele pensamento mesquinho e irritante vai subindo pela coluna e nossa, chega em êxtase e desnorteado no cérebro. E as crianças, sempre têm uma perto de você, tem uma próxima agora não tem? Sempre tem! Elas surgem do chão e começam a gritar, a correr em volta de você querendo brincar. Vamos brincar! Vamos brincar! E pasmem, nem elas mesmas sabem de que. De repente, a comida que tava no microondas esfriou, mas você ta com fome. Que fome! Imagina aquela deliciosa lasanha de presunto à bolonhesa com um copo duplo de vidro transparente de refrigerante, muito, muito gelado.
O pior é não ter o que fazer ficar vagando pela net à deriva, em busca de absolutamente nada, dando F5 no computador pra ver se a gatinha entrou na net ou se o namorado daquela moça que tu está de olho respondeu ao scrap dele? Vai dizer que tu nunca fez isso? Duvidoo.. aliás eu duvido também que suas pernas não estão coçando debaixo da mesa do computador, sempre tem mosquitos escondidos ali e o pior.. você sempre Poe no carrinho nas compras de mês no Carrefour uns três vidros de Baygon e outros dois de anti-repelente OFF. A merda é que esses produtos estão caros.. a crise ta aí e as coisas não param de ficar caras.. a carne? O feijão? E o dinheiro ta curto né.. as contas não param de chegar, os correios nunca erram o seu endereço, já as Americanas.com sempre deixam o livro que você comprou no vizinho, só porque você esqueceu de colocar fundos no campo – complemento – do formulário de compra. Contas, contas, quantas contas.. pior que os bancos também sempre estão cheios, lotados, mas você é capaz de responder isso? Porque as pessoas freqüentam tanto os bancos? Será que elas estão de bob em casa, e daí tem um insight. PLIN! Vou ao banco tirar um estrato! Poww e quando acaba o papel na sua vez? Aíi nem fala, a velhinha amistosa que você acabou de ajudar na fila foi a ultima a mexer na maquina e tirou tanto estrato e pagou tanta conta que acabou com o papel exatamente na sua vez. Que velha fdp! Aliás, velhinho é complicado.. você os ajuda na rua, mas pode reparar sempre tem um numa quadrilha e te faz de idiota querendo te assaltar! Sempre aparece isso na TV.
Tirando isso, nada melhor que sair com a namorada né? Bom isso quando ela não te dá um bolo ou pior, você leva ela pro cinema a pipoca cai no chão dois minutos depois que você comprou o pacote e cinco minutos antes de você descobrir que os ingressos pro filme que vocês se programaram um mês pra ver acabou. Faça o seguinte: leve ela ao Mc Donald´s, enfrente aquela fila firme e forte, pague 14,00 reais num sanduíche.. acredite, ela vai pedir um Big Mac especial, demora mais sabe, e quando ela abrir, vai ter o picles.. sim a anta da atendente sempre esquece de gritar É BIG GRILLL!
Aaaaaaa meu querido, fique tranqüilo, amanhã é um novo dia, você vai acordar cedinho pra ir trabalhar, vai esquecer a carteira em casa, ir de carro pro centro da cidade pegar um engarrafamento do kcte, ou melhor você vai de trem ou metro.. cheio demais! ÔO delícia! Ta calor né? Muito quente mesmo. Calma, calma.. eu sou otimista. Sai da net e vai ler aquele livro que você tem que ler, aquele mesmo que seu professor falou que vai cair na prova, à prova é discursiva, é uma questão só hein.. to avisando. Não se esqueça coma muito, mas se alimente você precisa de energia.
Duvido que você não sentiu pelo menos uma das coisas que eu narrei acima. Ou você se lembrou de algo e se reportou aquela situação chata e ficou angustiado ou você sentiu mesmo o que eu estava falando. Eu não sou chato. Só quis te irritar e mostrar como a mente humana é burra e facilmente manipulada.

22 de março de 2009


Campanha paradebate.blogspot.com CONTRA A PEDOFILIA!!! Denuncie já, através do Disque-Denúncia: 2253-1177

Minha Lapa


Ahh a Lapa.. o bairro mais boemio do Rio.. regado a história, destilado, seco, quente e frio. Desenhado por botequins, bares, casas de espetáculo, pleno em cultura, de artista e oráculo. Cheio, muito cheio, de mauricinhos e patricinhas gatas, viados, vadias, mulatas. A burguesia insana freqüenta o lugar e joga o resto de seu banquete a elite faminta que vagueia sem lar. Perdida sem rumo pelas ruas ladrilhadas e firma residência na esquina ou nas calçadas. A Lapa cheira a malandragem, a negritude preta e a juventude rulez, às cédulas de real e ao troco da vez. Aquela gente toda rodando perdida, chegando de copa do táxi ou do subúrbio do busão, com sede de entretenimento, de gozar a vida no fervo do bem-bom .
Os casarões antigos, frágeis, mal conservados ajudam a criar o que há de melhor na Lapa: a aliança do antigo com o contemporâneo, do velho e o novo, da criança, do camelô e do idoso. O som é meio confuso, a música ritmada consegue ao travesti agradar ecoa junto com a batida forte e seca do taco na bola preta da mesa de sinuca do bar. A tia do cachorro quente irrequieta vende feliz aquele bom pão com linquiça frita que junto com a cachaça batida e encorpada do tio da barraca da frente dá aquela queimada no estômago da galera farrista, queimada dura, dolorosa, masoquista. Dor.. que dor gostosinha e incomoda.. a dor que garante ao faminto sedento a noitada serena e louca vir a tona.
A praça meio cinza meio delinqüente, une as incertezas do futuro da cidade, cheia, repleta, rica e carente, bonita, entupida, lotada de zé ruelas que esbanjam boemia e vaidade. Os arcos pintados de um imundo branco, exala uma fragancia mixada de jean poul gutier, mijo e maconha, desperta a ânsia da moça que calça tamanco e mata o peguete que a chamou pra sair de vergonha. O cheiro da Lapa.. único, fede ao odor forte e embriagante do cotidiano, da noite vulgar e apimentada no centro da cidade, do estilo de vida conturbado e urbano, da vida sem preconceitos e vivida com intensidade.
No cantinho a menina pobre vende bolin balls e faz da voz um auto falante, o vigário passeia em volta da igreja, na mesma calçada que o pastor prega sozinho a palavra cristã protestante. A tia Zefa canta seu ponto pro cabloco e vende suas guias de contas na barraquinha sem teto. Sentir o calor humano, aquela cultura popular, marginal e erudita, lúdica, nos traz arrepio, afinidade e afeto. É possível tocar nos exlcuidos com a mão, aperto a agitação do lugar com os dedos, sinto na pele a energia acumulada daquelas vielas, sua história, seu anseios e medos. Piso em terra firme e esburacada feliz, cada buraco dali tem uma história, uma vida própria, passo cansado, abatido, tampando o nariz mas dando a mão a palmatória. O pecado, a felicidade, a harmonia, o equilíbrio mais desequilibrado de todos é o que pode ser encontrado ali. A puta de salto alto procura um cliente, o honda civic até pára contente, mas pra deixar o turista inglês que poupudo salta do carro pra consumir a carne brasileira, encorpada, polpuda, à baiana, à mineira..
A menina grita, os trilhos do bonde de santa teresa enferrujados pingam como um conta gotas, gotas da chuva do dia anterior. Gotas.. de cerveja e de cuspe com restinhos do gelo que vasa do isopor. A visão é linda. Aquela confusão de pessoas, de sotaques, de batidas, de ritmos e tribos, de gente, de povão, de burguesia acanhada e de lixo no chão. Que brega! Que chick! Olhar aquela gente reunida, euforica, suada, bêbada e embriagada naquela ruazinha estreita, me faz ver que a vida vale a pena e usufruir dos cinco sentidos é uma dádiva brilhante e perfeita. Salto agulha, tennis, chinelo... a calçada suja grita de alegria, cheia de latinhas e guardanapos usados, melecados de ketchup e mostarda Sadia. Entre uma fenda vejo em ponto de ataque o tímido e atordoado cansaço, escondido, anestesiado com o cachimbo de craque, consequencia da juventude vítima de fraqueza e fracasso. A sujeira linda, encroada no cimento garante aquela visão deslumbrante de coisa usada, de manhã o sol disfarça o mal tempo de noite a lua seca a pele suada. O território onde pisam piranhas, empresários e juventude transviada, consegue dividir espaço entre católico, crente e ateu, faz a classe média blindada sair de seus condomínios e se misturar com a tia baiana e eu. O território povoado e sem dono, satisfaz a todas as taras, desejos e fetiches de uma forma bem homogênea e peculiar, ainda que vítima do pouco caso do Estado e abandono, caminha firme com sua história a brilhar. O povo corta as ruas da cidade, as avenidas expressas do Rio de Janeiro.. a Perimetral, a Av Brasil, a Linha Vermelha.. sem medo. Inconseqüente, assíduo todos os finais de semana, traz no bolso as chaves de casa, a identidade e uma banana. O importante é estar lá, e ser mais um naquele amontoado de gente, contaminada pela insônia, com sorriso largo no rosto, bronzeada da praia e contente.