27 de abril de 2008

JÁ TÁ AMANDO P#%%@?


Tenho reparado que o tempo não faz mais tanto sentido, a intensidade das coisas não são tão chocantes e os sentimentos não tão sólidos. “EU TE AMO”, por exemplo, já deixou de ser “EU TE AMO” faz tempo. Quer dizer ou ele perdeu seu significado ou de fato eu não sei mais o que essa frase afetiva significa.
A juventude intensa e insólita transformou a pureza do amor numa saudação qualquer. Com freqüência me deparo com mensagens instantâneas de sites de relacionamentos exaltando o “AMOR” de uma maneira um tanto quanto excêntrica: “To te add.. Bjux... Te amo”, “Oi! S2!”... “Miga fui a escola hj, S2!” ou ainda “Mlke tu é um mane msm, love you!”. Aaaaiii a língua portuguesa, ou ela foi mordida ou deve ter ficado mordida de raiva, esse questionamento deixa pra depois. Volto aqui às saudações de amor, “Oi = Eu te amo”, seria isso uma equação matemática? Um código? Um nova convenção jovem? Pra mim não faz sentido.
Bom, encaro isso como duas coisas. Primeiro uma tendência econômica: O “amor” vende, quem “ama” compra. Seja flores, bloquinhos de anotações em formato de coração, chocolates meio amargo, canetas com cheiro de morango.. (trivial como material escolar).. enfim, coisas que lembram seres amados, amor e afeto, nos corrompem no mercado, nos shoppings-malls, nas feirinhas de itaipava.. Onde quer que seja, corações, florzinhas e coisas doces vendem e nos contagiam, principalmente pra esse público que vive o amor como o sentimento.. Opa como a sensação mais efêmera de todas, mais ainda que o orgasmo numa noite inteira de sexo tântrico!
O amor eterno, o amor platônico hoje são utopias modernas do mundo antigo. Quer dizer ou são inverdades dos nossos ancestrais ou uma nova tendência da moda, como usar bota de cano longo no inverno. O negócio é amar!! E ai daquele que não ame.. mesmo que seja quem você não conheceu ainda. Bom pelo menos essa tese meio que vai de encontro aos dogmas cristãos em que seu grande líder, Jesus Cristo, exaltava: “Amai-vos uns aos outros como eu vos amei”, sem ironias, acho que a juventude tem levado essa máxima na ponta da faca.
Outra forma pessoal de tentar entender essa apologia ao amor instantâneo é acreditar que vivemos a Era da Carência e da Super-educação em que “Olá!”, “Obrigado!” e Cia., se tornaram obsoletos por completo, afinal de contas saudar alguém com um “Eu te amo” ao invés de um simples “Oi” é capaz de modificar todo o metabolismo de uma pessoa. Imaginemos que alguém tenha acordado de mal humor, dor de cabeça e sei lá... stress alto.. duvido que se ela ouvir um “Eu te amo!” do amiguinho de trabalho ela não vai reagir de outra maneira, de uma maneira mais relaxada e romântica. Talvez seja essa necessidade de ouvir alguém falar que a ama que tenha tornado “Eu te amo” um jargão juvenil. Namoros sem muito sentido, que surgem de uma hora pra outra, relacionamentos tão “maduros” que hoje se começa a namorar, amanha já ocorre uma briga, no dia seguinte se volta com fulaninho, e eu te amo pra cá, eu te amo pra lá.. qual o significado do amor? Cada dia estou mais certo que estado civil hoje em dia passou a ser status social. Quem está amando se encontrou!! Mas e aquelas juras de amor eterno instantâneas e tão intensas? O que seria uma declaração como: “Eu te amo pra sempre!”, nos dias de hoje. Um paradoxo e uma antítese ao mesmo tempo.
Imaginem Castro Alves falando desse amor, do amor do século XXI? Você deve estar achando isso uma viagem não está? Bom eu também acho mesmo. Tudo bem que Zygmunt Bauman, um grande estudioso do mundo pós moderno, acredita que os vínculos e os relacionamentos tem se tornado cada vez mais fugazes. Eu concordo plenamente, mas que “Eu te amo = OI” é uma equação inexata, irracional e sem prova dos 9 isso é. Ou é? Ou eu sou uma negação completa em lógica matemática. Pelo menos nunca o AMOR foi tão falado como ultimamente. E só pra ratificar essa minha observação empírica e absolutamente complexa deixo aqui um EU TE AMO pra você que está lendo meu texto agora.. isso isso.. pra você mesmo! Afinal de contas o AMOR É CEGO não dizem isso? Então, eu não estou te vendo e nem você a mim. Todavia sinta-se abraçado por mim, afeto e amor ao próximo isso sim eu venero como princípio da boa convivência humana e talvez a solução mais inteligente para se alcançar a paz mundial.

19 de abril de 2008


Campanha "paradebate.blogspot.com" contra a DENGUE!

9 de abril de 2008

MAMÃE, quero ser homem de bandida!


Outro dia estava me questionando qual seria a profissão do futuro? Me deparei com algumas opções: Arquiteto cibernético? Advogado virtual? Médico ultrasônico? Jornalista online? E eis que encontrei uma profissão em extrema ascensão no mundo, principalmente em países emergentes em que o submundo das drogas e da pobreza se esconde no meio de uma grande desigualdade social, O BANDIDO. Bom na verdade quando tomo a bandidagem como uma profissão, obviamente não quero compará-la a profissões dignas ou que de fato mereçam reconhecimento e admiração. Deixo claro aqui meu repúdio a toda e qualquer forma de bandidagem e qualquer outra atividade criminosa. Mas pensem comigo.
Dentro dessa desigualdade, profissões advindas da saturação do terceiro setor emergem como alternativas de se gerar dinheiro, gerar não, digamos que criar um dinheiro ilícito, como o oriundo do tráfico de drogas. De fato esse mercado em ascenção agora pela classe média me parece um mercado com grandes oportunidades de emprego, obviamente formado por profissonais liberais que desconhecem a CLT de Getúlio, mas que aceitam o risco e as incertezas da “profissão” para o sustento da família sem planejamento familiar e de sua própria sobrevivência. Aviãosinho, helicópterozinho.. entre outros... são as profissões do momento. Sem comparações negativas apenas legislativamente falando, foi-se o tempo em que camelô e motorista de cooperativas de Kombi representavam o mercado informal. Altas jornadas do trabalho que varam madrugadas, porte direto a armas de fogo, algumas inclusive de posse apenas das forças armadas, risco total de vida, embates com a polícia (órgão que representa, ou deveria representar, a defesa da nação), status social dentro das comunidades em que vivem... parecem ser muitas as “vontagens” de ser bandido nos dias de hoje. O reconhecimento é grande e garantido, vivem estampados nos principais jornais, costumam possuir um patrimônio bem graúdo, têm um respeito a zelar, por bem ou por mal, são espécies de ícones que representam uma comunidade e o caos da sociedade, afinal são vítimas e protagonizam de forma clara o abandono do governo em alguns setores sociais de nosso país.
Junto a essa “profissão” que emerge dentro entre outras coisas por conta de uma legislação obsoleta e ultrapassada, que não põe medo nem é capaz de controlar sequer uma criança de 5 anos, insiro uma nova questão, a inserção da mulher no mercado de trabalho. Elas já foram donas de casa muito respeitadas, meninas prendadas que cresciam e mal podiam escolher o homem com que iriam viver pra sempre, já foram proibidas de votar, começaram a trabalhar pra sustentar os filhos em tempos de guerra, eram mal tratadas e mal remuneradas, já foram vítimas enquanto proletariado, já participaram de revoluções feministas nos EUA e na Europa na década de 60 e por fim foram queimadas dentro de uma indústria e ganharam um dia em homenagem a elas. Hoje é notório que têm roubado espaço no mercado masculino de trabalho, atualmente existem donos de casa e “chefas” de família, hoje elas estudam, se graduam e já cogitou-se ter uma inteligência maior que a dos homens (claro que eu discordo!), elas fazem curso de Engenharia Mecânica e eles curso de gastronomia e culinária, quizá corte e costura, e por que não? Depois de uma história digamos que sofrida dentro de um mundo machista elas se firmam como cidadãs dignas que lutam pela igualdade dos sexos.
A estabilidade do futuro talvez realmente seja ser marido de bandida. Elas são mais inteligentes, administram muito bem o lar, esbanjam beleza dentro de seus belos par de seios, são mais sensuais e vaidosas, trabalham com classe e salto alto, são mais responsáveis e traçam metas viáveis de se alcançar, são um charme segurando uma pistola prateada, e sinceramente estão tomando o lugar dos homens a todo momento, conseguiram participar da economia e ganhar reconhecimento político.
Se nossa sociedade continuar politicamente desleixada dentro de alguns anos provavelmente a mulher assim como o homem e talvez até melhor, também comandará bocas de fumo, estará liderando o narcotráfico de países subdesenvolvidos e emergentes e gerenciará poderes paralelos e facções criminosas.
As crianças do 3º mundo do futuro vão ter que se acostumar com um novo sistema em que o pai cozinha e a mãe rica vai trabalhar chefiando as vielas da favela e comandando com rádio-celular suas áreas de influência, quizá elas não vão querer ser homens de bandida ao invés de médicos e jornalistas por exemplo. Daqui a uns anos, talvez seja moda homens dar o golpe do baú. De que forma eu ainda não sei.. isso porque não vão poder dar o golpe da barriga.. quer dizer, pelo menos até que a medicina não avance e chegue a tal ponto!

4 de abril de 2008

CIBERESPAÇO, um espaço livre e de representação


Sabemos que o ciberespaço promove novas formas de conteúdo social em rede antes impossíveis sem as ferramentas tecnológicas disponíveis hoje. Para Margareth Werthern, estudiosa no assunto, o ciberespaço oferece identidades paralelas. “Na ontologia desses cibermundos, você é o personagem que cria... o simples fato de denominar ou descrever é tudo que é preciso para gerar um novo alter ego ou cibereu”. Bom trocando em miúdos, com esses novos softwares e programas que nos permitem acessar a rede internacional de computadores e entrar em sites de relacionamento, por exemplo, com repercussão mundial, como o orkut e/ou criar blog´s e fotolog´s, lugares virtuais de representação social, vos questiono: Vocês são vocês mesmos quando estão na internet?
Na internet podemos ser quem gostaríamos de ser, ser quem nunca seríamos, ser quem de fato somos ou de fato não ser ninguém. Uma multiplicidade de identidades promovidas e fundadas em chats, por exemplo. Homem e mulher, negro e branco, alto e baixo, bonito e feio? São meras características que te alvejam quando forem convenientes. Você é quem você quer ser. Esse mundo de fantasia que é decifrado por megabytes e gigabytes de memória se esconde uma espécie de máscara digital, fachadas que podem dar amplitude a uma grande variedade de expressão e ação, ou porque não têm acesso em suas vidas regulares, ou porque não se sentem à vontade para se manifestar realmente falando.
Nesse ciberespaço, espaços crescem como os “verdadeiros” locais de representação social. Os espaços público/privado se reconfiguram, e ascendem os sites em formatos de blog´s, fotolog´s, e os conhecidos e populares sites de relacionamento. A importância do olhar do outro na modernidade se dá através do reconhecimento, é ele quem “legitima” e dá garantias, que faz algo se tornar verdade. Para Fernanda Bruno, o olhar do outro de hoje, é diferente do de antigamente. No passado, o olhar tinha um cunho vigilante, o de hoje é o olhar legitimador. É evidente que hoje o outro, para muitos, tem sido muito importante para uma autoconfiança. Por essa razão, por exemplo, ficar na moda, e estar dentro dos padrões de beleza são duas coisas triviais, como se quem usasse bolsa Louis Vitton e tivesse o rostinho de Gisele Budchen fosse totalmente feliz e auto firmado. O olhar do outro diz muita coisa hoje em dia, aliás, parece ser exatamente ele que nos faz buscar um padrão do viver. Agora me pergunto, antes porque será que todos os índios usavam tangas? Porque eles não eram criativos? Porque as lojas em que eles compravam-nas não vendiam peças exclusivas? Ou porque de fato o olhar do outro pouco lhes importava? É, acho que a resposta é meio óbvia né. Como dito no começo do texto, “o ciberespaço promove novas formas de conteúdo social” é eu até tinha dúvida, agora tenho certeza.