15 de junho de 2008

POR QUÊ COTAS RACIAIS?



Abaixo segue uma espécie de pingue-pongue sobre as cotas raciais em universidades públicas.





Entrevistador: André Luiz Barros

Entrevistado: André Luiz Barros


Por que elas existem?
Pra disfarçar um problema de desigualdade social e fazer parte de um discurso de “esquerda” que “preza” pela igualdade das classes e uma melhor distribuição de renda.

Por que essa desigualdade ainda existe?
Porque diferentemente do que ocorreu na Inglaterra e EUA, no Brasil os negros após a abolição da escravatura não receberam qualquer aparato de estudos ou moradia digna, se criaram no morro e tiveram que viver em condições muitas vezes desumanas, sem sequer saneamento básico e qualquer tipo de educação (dever do estado e direito to cidadão – previsto na constituição federal).

Por que os negros foram marginalizados?

Devido a esse abandono por parte do poder público se criaram em periferias e morros que com o passar do tempo começaram a ser guiadas pelo poder paralelo do narcotráfico. Viveram num ambiente de drogas, armas e crimes.

Somente os negros vivem em periferias?
Obviamente que não. Mas em sua maioria. Afinal também existem brancos nas favelas.

Por que os negros têm menos postos de chefia, são uma minoria em universidades e têm menos representação em programas de televisão?
Porque o Brasil segundo o próprio IBGE, órgão federal, é constituído de uma maioria branca, pelo menos até 2010. Então matematicamente falando é provável que a maioria de qualquer cargo e de qualquer curso seja branca. Obviamente reconheço que faltam oportunidades aos negros, mas que é improvável cogitar-se 50% de brancos e 50% de negros nesse tipo de comparação, pra mim não significa nada além do que já se sabe que os brancos têm maior poder aquisitivo e melhores oportunidades.

Por que os brancos têm maior poder aquisitivo e melhores oportunidades?
Por que de fato têm acesso mais fácil à educação e às oportunidades. Mas pagam por isso.

Por que então eu sou contra as cotas, já que elas levariam educação mais acessível à população negra?
Porque simplesmente isso é inconstitucional, irracional e preconceituoso. Brancos e negros se diferenciam em uma única coisa: taxa de melanina na pele, ou seja, isso não significa nada. Além disso, se a população branca tem acesso a mais oportunidade é porque ela paga por isso, senão não haveria tantos colégios, escolas e universidades particulares espalhados pelo país. Se a educação pública fosse de qualidade a procura pelo ensino privado seria pequena.

E porque o ensino privado é melhor?
Simplesmente porque a remuneração dos professores é melhor.

E porque não se investe na educação infantil e no ensino fundamental público?
Porque o sistema de cotas é mais barato. É uma solução burra e temporária apenas pra disfarçar as desigualdades raciais que por incrível que pareça parecem não ter sofrido quase nenhuma alteração mesmo depois de decorridos 120 anos de a princesa Isabel ter assinado a Lei Áurea. Entretanto a solução ainda que com resultados em longo prazo mais conveniente fosse essa.

E as pessoas que já estudaram e não vão ter acesso a esse “melhor” ensino público?

É preciso haver mudanças, o Brasil mudou, e toda mudança gera novas mudanças e consecutivas repercussões. O que é melhor? Mudar agora e tentar ajeitar justamente a questão da desigualdade racial, ou deixar como está e disfarçar essa desigualdade com o sistema de cotas para que novas gerações sejam educadas com esse sistema público de ensino totalmente falido e insuficiente (que se pergunta se aprovação automática é uma solução interessante – “nem comento essa idéia”)? Daí eu questiono: Combater injustiça com injustiça é a melhor saída?

Por que então o governo insiste nesse debate idiota de cotas pra negros?
1º Porque o governo tem que manter sua linha de satisfazer os mais pobres (ainda que economicamente falando a elite banqueira tenha angariado recordes nos últimos 8 anos de governo).
2º Porque fica mais fácil politicamente falando, aceitar essa injustiça histórica e disfarçar toda essa desigualdade social e fingir que está sendo feito algo em prol dos negros (como se fosse uma retribuição, um favor – de fato pra mim educação é obrigação do Estado e deve ser provida pelo mesmo a todos).

Existem brancos pobres?
Sim existem.

E como eles ficam?

Com nenhuma cota, já que tiveram a “sorte” de nascerem brancos.

E os negros ricos?
AAaaa esses sim tem direito a cotas, porque sua afro-descendencia garante a eles esse “direito”.

E a classe média?
Essa é encarregada de prover o que o Estado não provém. De pagar impostos altíssimos para ser revertida a bolsas família, felicidade e cia.

E porque ao invés disso não são criadas oportunidades para a população pobre e em sua maioria negra?
Porque assim é mais fácil. Os investimentos externos precisam de juros altos para continuar sendo feitos, o presidente precisa de números e mais números pra ter o que falar em seus discursos, e esses investimentos nos deram um turbilhão de coisas, entre elas o Grau de Investimento, pela agência Standar´s and poor´s e uma taxa de criação de empregos restrita, já que para controlar a inflação a técnica do governo é estipular a taxa SELIC alta e consequentemente, menos poder de compra, menor produção industrial, menos empregos.

E porque nosso presidente é tido como um exemplo de chefe de estado?
Porque ele conseguiu provar que no Brasil, diploma é apenas um papel bobo de limpar bunda, que anos de estudo não obrigatoriamente levam a lugar nenhum e que salvo algumas exceções os que não estudam tem os melhores posições sociais, ex: agiota, dono de padaria, jogador de futebol, modelos da playboy e outros.

Mas, ainda existe preconceito racial em nosso país?
Sim, e muito. Entretanto preconceito racial mesmo, é o que existe nos EUA, por exemplo, onde existem colégios, meios de transporte, bairros específicos só para negros. Aqui existe sim, partem de brancos e frequentemente dos próprios negros.

E no Brasil? Onde podemos perceber esse preconceito racial?
Bom, existem vários processos judiciais em trâmite, de preconceito no trabalho, na rua.. Mas atualmente pra mim, o maior deles, realmente é o sistema de cotas em universidades públicas, afinal de contas, Hitler estaria certo a respeito do darwinismo social? ÓOObvio que não né! Mas esse sistema de cotas pra mim vai muito por essa regra, senão não privilegiaria brancos nem negros, afinal é de nosso inteiro conhecimento que não existe raça superior (ariana dita pelo ditador nazista). Só existe uma raça humana e uma subraça: homo sapiens, sapiens.

E os albinos, daltônicos, ruivos, hemofílicos, soro-positivos, como ficam? Afinal eles também são uma minoria.

Isso aí eu deixo pra você pensar e ver o quão injusto e absurdo é esse projeto de cotas em universidade públicas.

Enfim, prezemos pela igualdade dos direitos civis, independente de cor, sexo ou religião.

Um comentário:

Camila Lopes disse...

já que costumam dizer por aí que flamenguistas e mangueirenses são somente negros e favelados, eu, uma flamenguista, mangueirense, loira e de olhos verdes quero uma cota nas universidades públicas também, afinal acredito que também pertenço a uma minoria. Mas como você mesmo falou, acho que estou no grupo dos ruivos, daltônicos, albinos e todos os outros que não ganham nada.