24 de junho de 2009

Avaria analítica no MNBA, "Moedas na Areia" de César Barreto

Uma das fotografias de César Barreto


A esposição "Moedas na Areia", disposta no Museu Nacional de Belas Artes no Rio de Janeiro me fez refletir sobre o dinheiro enquanto matéria. Bom.. fui a exposição e saí de lá com a seguinte percepção meio avariada...

Desde que homem é homem, as relações de troca se mantiveram como trivial fonte de satisfação de prazeres e contenção de momentos de euforia do íntimo do "eu".

No Brasil, o escambo foi a mais peculiar e unfair desses sistemas de troca. Quatrocentos e cinquenta anos mais tarde, o pós-guerra instaurou o dólar como moeda, abolindo o padrão ouro. O metal que tinha valor em si mesmo ganhou dois genéricos de quinta categoria, as cédulas de papel e as moedas de níquel.

Na verdade ambas não sem qualquer valor, além de suas próprias representações impressas em seu corpo. Hoje o ouro vale "x" dólares, que valem "y" reais no sistema de câmbio flutuante adotado pelo Brasil na década de 90. É interessante notar como o valor na sua essência vem se desvalorizando e as relações de troca se amesquinhando sob notas de papel com desenhos que movimentam o mundo e seu capitlaismo selvagem.

Na esposição, o fotógrafo Cesar Barreto mostra 30 imagens de moedas coletadas na Praia Vermelha, na Urca. A mostra chama a atenção pelos efeitos visuais causados pelo desgaste natural dos objetos. Moedas corroídas, lixo explícito e bastante exposto há décadas sob o tempo, a maresia, o sol, o sal e o vento, escondidas na areia, guardadas no destino da praia Vermelha.

O dinheiro por si só, em matéria, não vale nada, o que vale é apenas, e somente isso, sua representação simbólica. Representação essa, que intacta, nas mãos do homem conseguem articular a cobiça e matar a fome, que acirram guerras mundiais e calam a paz. E daí eu me questiono: essas relações de troca são racionais? E afinal o valor de suas moedas estão nelas ou em você?

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